As críticas mais agudas vêm dos economistas do Banco Central Europeu, que essencialmente acusam o Bitcoin de ser apenas um esquema Ponzi disfarçado de criptomoeda. O seu argumento é simples e incisivo: como o Bitcoin não aumenta o potencial produtivo da economia, a contínua valorização do seu preço resulta apenas em um efeito puro de redistribuição de riqueza, onde os ganhos de consumo são diretamente às custas das perdas de outros. Isso não passa de um jogo de soma zero desnecessário, acompanhado de emissões de carbono.
Esta crítica baseia-se em estudos anteriores que mostram que a perda de bem-estar causada pelo design atual do Bitcoin é aproximadamente equivalente a 1,4% do consumo, o que torna sua eficiência cerca de 500 vezes inferior à de um sistema monetário de inflação moderada. Mesmo que o protocolo do Bitcoin atinja um design ótimo, a perda de bem-estar ainda é equivalente a uma taxa de inflação de 45% ao ano.
As críticas à produtividade não se limitam a modelos abstratos, mas se estendem a situações reais inquietantes. O modelo de segurança do Bitcoin apresenta um problema que os economistas se referem de forma eufemística como "limitações fundamentais" — ou seja, a relação linear entre o consumo de energia e o valor garantido. Com o aumento do preço do Bitcoin, os recursos investidos na mineração também precisam aumentar, e esses recursos poderiam ser utilizados para financiar atividades produtivas, como inteligência artificial, pesquisa e desenvolvimento ou construção de infraestrutura.
Estudos empíricos recentes mostram que os recursos computacionais consumidos pela mineração de Bitcoin hoje equivalem à escala econômica de um país inteiro. Se o Bitcoin fosse um país, seu consumo de eletricidade estaria entre a Argentina e a Noruega, o que levanta a questão: será que este "ouro digital" realmente vale o preço que a Terra paga por isso?
No entanto, um número crescente de resultados de pesquisa questiona a chamada crítica à produtividade, redefinindo completamente o papel econômico do Bitcoin. Essas pesquisas não o veem mais como um ativo especulativo que extrai capital de usos produtivos, mas como uma infraestrutura fundamental capaz de aumentar a estabilidade econômica e a eficiência a longo prazo - o que é bastante similar à situação da internet, que antes de revolucionar tudo, era vista como uma ferramenta cara para compartilhar vídeos de gatinhos.
A teoria da "moeda forte" apreciada pelos economistas da Escola Austríaca afirma que o plano de fornecimento fixo do Bitcoin e a política monetária transparente são fundamentalmente superiores ao sistema de moeda fiduciária.
Os pesquisadores macroeconômicos da Fidelity confirmaram uma forte correlação positiva entre o Bitcoin e os indicadores da oferta monetária ampla (R² = 0,70+), o que indica que o Bitcoin atua como um amortecedor contra a expansão monetária, em vez de uma interferência especulativa. Essa correlação é especialmente evidente durante períodos de expansão de liquidez, indicando que o Bitcoin serve como uma válvula de alívio para a expansão excessiva da política monetária, em vez de competir com investimentos produtivos. Quando a máquina de imprimir dinheiro é acionada, o preço do Bitcoin tende a subir.
Evidência empírica: quatro principais canais de influência
canais de consumo e efeito de riqueza
Uma pesquisa realizada pela Harvard Business School, utilizando dados de transações de milhões de famílias, indica que o efeito riqueza do Bitcoin realmente estimula a atividade econômica real, em vez de reprimi-la. A propensão marginal ao consumo das famílias a partir dos lucros com criptomoedas é de cerca de 9,7%, mais do que o dobro da rentabilidade das ações tradicionais, e cerca de um terço do impacto direto da renda. Essa alta resposta ao consumo sugere que a valorização do Bitcoin estimula diretamente a demanda econômica, em vez de aprisionar recursos em um lamaçal especulativo.
Os padrões de consumo são especialmente inspiradores. O crescimento da riqueza em Bitcoin flui principalmente para gastos em dinheiro e cheques, hipotecas e consumo discricionário - estas categorias sustentam diretamente o emprego e a receita das empresas. Em países com uma alta taxa de adoção de criptomoedas, à medida que o mercado de criptomoedas sobe, o aumento dos preços das casas é claramente mais acentuado, o que indica que teve um efeito de transbordamento significativo na economia local.
Esta evidência refuta diretamente a hipótese do "efeito de deslocamento". Se o investimento em Bitcoin realmente estivesse retirando recursos de usos produtivos, deveríamos observar uma diminuição do consumo e investimento na economia real. No entanto, a riqueza das criptomoedas formou um ciclo de retroalimentação positivo, expandindo e não contraindo a atividade econômica.
canais de configuração de investimento
A pesquisa da Universidade de Varsóvia, que utiliza o modelo de otimização de Markowitz, demonstra que o Bitcoin é um complemento e não um substituto para investimentos produtivos tradicionais. Os portfólios que incluem Bitcoin conseguem realizar melhores retornos ajustados ao risco sob várias frequências de reequilíbrio e janelas de retrocesso. É crucial notar que a alocação ideal de Bitcoin tende a mudar de forma previsível com as variações nas condições macroeconômicas - aumentando durante períodos de expansão monetária e diminuindo quando os ativos produtivos tradicionais se tornam mais atraentes.
Este complexo comportamento de reequilíbrio indica que os investidores veem o Bitcoin como uma forma de proteção contra a incerteza monetária, em vez de um substituto para investimentos produtivos. Quando a política monetária se torna mais expansiva, os fluxos de capital vão para o Bitcoin para manter o poder de compra. Quando o crescimento econômico acelera e as oportunidades de investimento empresarial melhoram, os fluxos de capital retornam aos ativos tradicionais.
Se o investimento em Bitcoin ocorrer à custa da formação de empresas, despesas de pesquisa e desenvolvimento ou expansão da capacidade de produção, então a preocupação com o "efeito de desvio" faz sentido. No entanto, as evidências mostram que a adoção do Bitcoin é principalmente à custa de excesso de caixa, títulos do governo e outros ativos monetários, e não de investimentos produtivos. À medida que a oferta monetária global aumentou de menos de 1 trilhão de dólares em 1970 para mais de 180 trilhões de dólares em 2025, a participação do Bitcoin em ativos de moeda forte cresceu de quase zero para mais de 8% - isso representa uma resposta racional à instabilidade monetária, e não uma renúncia a oportunidades produtivas.
Inovação e canais de efeito de rede
A emergência de serviços financeiros baseados em Bitcoin (incluindo tokenização de ativos, moeda programável e empréstimos descentralizados) representa uma verdadeira inovação, pois fortalece as atividades econômicas tradicionais em vez de substituí-las. Esses serviços financeiros baseados em blockchain criam uma nova categoria de valor econômico através de protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) e contratos inteligentes, trazendo um aumento de produtividade que os modelos econômicos tradicionais têm dificuldade em capturar, assim como os dados do PIB de 1995 falharam em antecipar o impacto transformador da internet.
canais de restrição da política monetária
A análise transnacional revelou um importante benefício macroeconômico que os economistas costumam ignorar: o efeito constritor do Bitcoin sobre a política monetária. Os países com uma alta taxa de adoção do Bitcoin tendem a experimentar uma política monetária mais estável, uma vez que os governos enfrentam a pressão competitiva de sistemas monetários alternativos.
Esta restrição atua através de vários canais. Primeiro, os cidadãos que possuem outros meios de armazenamento de valor têm uma tolerância reduzida à política de inflação. Em segundo lugar, o fluxo de capital para o Bitcoin fornece um feedback imediato sobre a credibilidade da política. Por último, a existência de ativos alternativos limita a capacidade do governo de obter receitas de imposto sobre a emissão de moeda.
Vários estudos de instituições mostram que os anúncios de política monetária têm um impacto mensurável no preço do Bitcoin, o que indica que o mercado de criptomoedas é capaz de avaliar o risco político em tempo real. Este mecanismo de feedback pode prevenir os ciclos de prosperidade e recessão que são exclusivos de um sistema monetário puramente fiduciário. O Bitcoin não enfraquece a autoridade monetária, mas sim, ao tornar os custos de decisões políticas inadequadas evidentes e imediatos, fortalece, em vez de enfraquecer, a estabilidade macroeconômica.
Conclusão macroeconômica: complementaridade e não competição
Evidências empíricas abrangentes mostram que o Bitcoin é uma infraestrutura benéfica economicamente, e não um fator de perturbação especulativa. Seu impacto no consumo é positivo, a alocação de investimentos tende a se tornar mais madura, o efeito de inovação é significativo e a disciplina da política monetária também foi reforçada. Pesquisas que tentam identificar efeitos de deslocamento sempre descobriram que a adoção do Bitcoin é um complemento para o investimento produtivo, e não uma competição.
A pesquisa da SSRN modelou o Bitcoin na economia de produção indefinida, descobrindo que, embora a bolha das criptomoedas possa reduzir a eficiência do investimento, ela também pode fornecer liquidez ao mercado, promovendo assim investimentos reais. O ponto chave é que o impacto econômico do Bitcoin atua por meio de vários canais, que o modelo tradicional do efeito de deslocamento não conseguiu abranger. O Bitcoin não simplesmente substitui o capital utilizado para produção, mas cria novas formas de eficiência econômica, reduzindo os custos de transação, aumentando a estabilidade monetária e promovendo a inovação nos serviços financeiros.
As flutuações cíclicas do mercado de Bitcoin podem temporariamente aumentar a liquidez, enquanto reduzem moderadamente a eficiência do investimento — essas duas forças podem coexistir em uma economia dinâmica.
A visão de considerar o Bitcoin como uma competição com investimentos produtivos tradicionais desvia fundamentalmente do ponto principal. O Bitcoin não retira recursos de usos produtivos, mas atua como uma infraestrutura monetária complementar, aumentando a eficiência das atividades econômicas existentes. Quando as pessoas compram Bitcoin, geralmente estão vendendo dólares, obrigações ou outros ativos em papel, e não cancelando a construção de fábricas ou projetos de P&D.
Evidências do ponto de vista da economia macro mostram que os indicadores que os céticos do Bitcoin estão focando estão errados. Os formuladores de políticas não devem medir a contribuição direta do Bitcoin para o Produto Interno Bruto (PIB) (o que ignora o papel de sua infraestrutura), mas devem avaliar seu impacto sistêmico na eficiência econômica, na inovação e na estabilidade monetária.
Medidas de política apropriadas devem incluir a provisão de uma regulamentação clara, permitindo que os efeitos benéficos do Bitcoin floresçam, ao mesmo tempo que se controla a especulação excessiva. Isso significa que deve ser estabelecido um quadro claro de tributação, proteção do consumidor e adoção institucional, em vez de tentar limitar esta inovação que parece ser benéfica para a economia.
Os países que tentam proibir ou restringir severamente a adoção do Bitcoin fornecem amostras naturais para o custo dessas políticas. As evidências mostram que essas restrições prejudicam principalmente a inovação e a inclusão financeira internas, enquanto os benefícios macroeconômicos são insignificantes.
Conclusão: A combinação da racionalidade individual com os benefícios do sistema
As evidências sobre as decisões inteligentes dos indivíduos na microeconomia se reúnem em resultados sistemáticos favoráveis à macroeconomia. Quando milhões de indivíduos escolhem alocar parte de seus ativos em Bitcoin, eles estão respondendo a sinais econômicos reais sobre incerteza monetária, ineficiência do sistema financeiro e inovação tecnológica.
Essas decisões individuais trazem benefícios coletivos através da melhoria da disciplina monetária, do aprimoramento da infraestrutura financeira e do fortalecimento da resiliência econômica. A adoção do Bitcoin não é um frenesi especulativo que desvia recursos de usos produtivos, mas sim uma resposta racional a problemas estruturais do sistema monetário existente.
Assim, a análise macroeconómica apoia uma visão cautelosamente otimista sobre o impacto económico do Bitcoin. Embora haja preocupações legítimas sobre o consumo de energia e o comportamento especulativo, há uma vasta evidência que mostra que o Bitcoin fortalece, e não enfraquece, a produção económica e a produtividade. Para uma classe de ativos que supostamente "não produz nada", o Bitcoin demonstrou uma produtividade extraordinária na melhoria da eficiência da moeda em si — o que pode ser considerado a infraestrutura mais básica de toda a atividade económica.
Os economistas da Escola Austríaca podem ter estado certos o tempo todo: uma moeda sólida não é apenas um ideal abstrato — é uma infraestrutura produtiva. Em uma era de experimentos monetários em abundância e de balanços de bancos centrais em constante expansão, o Bitcoin está cada vez menos parecido com uma bolha especulativa e mais com a inevitável evolução da tecnologia mais antiga da humanidade — a própria moeda.
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Bitcoin e o debate sobre a economia macro
Autor: Ana Levine, Fonte: E1 Ventures, Traduzido por: Shaw Jinse Finance
As críticas mais agudas vêm dos economistas do Banco Central Europeu, que essencialmente acusam o Bitcoin de ser apenas um esquema Ponzi disfarçado de criptomoeda. O seu argumento é simples e incisivo: como o Bitcoin não aumenta o potencial produtivo da economia, a contínua valorização do seu preço resulta apenas em um efeito puro de redistribuição de riqueza, onde os ganhos de consumo são diretamente às custas das perdas de outros. Isso não passa de um jogo de soma zero desnecessário, acompanhado de emissões de carbono.
Esta crítica baseia-se em estudos anteriores que mostram que a perda de bem-estar causada pelo design atual do Bitcoin é aproximadamente equivalente a 1,4% do consumo, o que torna sua eficiência cerca de 500 vezes inferior à de um sistema monetário de inflação moderada. Mesmo que o protocolo do Bitcoin atinja um design ótimo, a perda de bem-estar ainda é equivalente a uma taxa de inflação de 45% ao ano.
As críticas à produtividade não se limitam a modelos abstratos, mas se estendem a situações reais inquietantes. O modelo de segurança do Bitcoin apresenta um problema que os economistas se referem de forma eufemística como "limitações fundamentais" — ou seja, a relação linear entre o consumo de energia e o valor garantido. Com o aumento do preço do Bitcoin, os recursos investidos na mineração também precisam aumentar, e esses recursos poderiam ser utilizados para financiar atividades produtivas, como inteligência artificial, pesquisa e desenvolvimento ou construção de infraestrutura.
Estudos empíricos recentes mostram que os recursos computacionais consumidos pela mineração de Bitcoin hoje equivalem à escala econômica de um país inteiro. Se o Bitcoin fosse um país, seu consumo de eletricidade estaria entre a Argentina e a Noruega, o que levanta a questão: será que este "ouro digital" realmente vale o preço que a Terra paga por isso?
No entanto, um número crescente de resultados de pesquisa questiona a chamada crítica à produtividade, redefinindo completamente o papel econômico do Bitcoin. Essas pesquisas não o veem mais como um ativo especulativo que extrai capital de usos produtivos, mas como uma infraestrutura fundamental capaz de aumentar a estabilidade econômica e a eficiência a longo prazo - o que é bastante similar à situação da internet, que antes de revolucionar tudo, era vista como uma ferramenta cara para compartilhar vídeos de gatinhos.
A teoria da "moeda forte" apreciada pelos economistas da Escola Austríaca afirma que o plano de fornecimento fixo do Bitcoin e a política monetária transparente são fundamentalmente superiores ao sistema de moeda fiduciária.
Os pesquisadores macroeconômicos da Fidelity confirmaram uma forte correlação positiva entre o Bitcoin e os indicadores da oferta monetária ampla (R² = 0,70+), o que indica que o Bitcoin atua como um amortecedor contra a expansão monetária, em vez de uma interferência especulativa. Essa correlação é especialmente evidente durante períodos de expansão de liquidez, indicando que o Bitcoin serve como uma válvula de alívio para a expansão excessiva da política monetária, em vez de competir com investimentos produtivos. Quando a máquina de imprimir dinheiro é acionada, o preço do Bitcoin tende a subir.
Evidência empírica: quatro principais canais de influência
canais de consumo e efeito de riqueza
Uma pesquisa realizada pela Harvard Business School, utilizando dados de transações de milhões de famílias, indica que o efeito riqueza do Bitcoin realmente estimula a atividade econômica real, em vez de reprimi-la. A propensão marginal ao consumo das famílias a partir dos lucros com criptomoedas é de cerca de 9,7%, mais do que o dobro da rentabilidade das ações tradicionais, e cerca de um terço do impacto direto da renda. Essa alta resposta ao consumo sugere que a valorização do Bitcoin estimula diretamente a demanda econômica, em vez de aprisionar recursos em um lamaçal especulativo.
Os padrões de consumo são especialmente inspiradores. O crescimento da riqueza em Bitcoin flui principalmente para gastos em dinheiro e cheques, hipotecas e consumo discricionário - estas categorias sustentam diretamente o emprego e a receita das empresas. Em países com uma alta taxa de adoção de criptomoedas, à medida que o mercado de criptomoedas sobe, o aumento dos preços das casas é claramente mais acentuado, o que indica que teve um efeito de transbordamento significativo na economia local.
Esta evidência refuta diretamente a hipótese do "efeito de deslocamento". Se o investimento em Bitcoin realmente estivesse retirando recursos de usos produtivos, deveríamos observar uma diminuição do consumo e investimento na economia real. No entanto, a riqueza das criptomoedas formou um ciclo de retroalimentação positivo, expandindo e não contraindo a atividade econômica.
canais de configuração de investimento
A pesquisa da Universidade de Varsóvia, que utiliza o modelo de otimização de Markowitz, demonstra que o Bitcoin é um complemento e não um substituto para investimentos produtivos tradicionais. Os portfólios que incluem Bitcoin conseguem realizar melhores retornos ajustados ao risco sob várias frequências de reequilíbrio e janelas de retrocesso. É crucial notar que a alocação ideal de Bitcoin tende a mudar de forma previsível com as variações nas condições macroeconômicas - aumentando durante períodos de expansão monetária e diminuindo quando os ativos produtivos tradicionais se tornam mais atraentes.
Este complexo comportamento de reequilíbrio indica que os investidores veem o Bitcoin como uma forma de proteção contra a incerteza monetária, em vez de um substituto para investimentos produtivos. Quando a política monetária se torna mais expansiva, os fluxos de capital vão para o Bitcoin para manter o poder de compra. Quando o crescimento econômico acelera e as oportunidades de investimento empresarial melhoram, os fluxos de capital retornam aos ativos tradicionais.
Se o investimento em Bitcoin ocorrer à custa da formação de empresas, despesas de pesquisa e desenvolvimento ou expansão da capacidade de produção, então a preocupação com o "efeito de desvio" faz sentido. No entanto, as evidências mostram que a adoção do Bitcoin é principalmente à custa de excesso de caixa, títulos do governo e outros ativos monetários, e não de investimentos produtivos. À medida que a oferta monetária global aumentou de menos de 1 trilhão de dólares em 1970 para mais de 180 trilhões de dólares em 2025, a participação do Bitcoin em ativos de moeda forte cresceu de quase zero para mais de 8% - isso representa uma resposta racional à instabilidade monetária, e não uma renúncia a oportunidades produtivas.
Inovação e canais de efeito de rede
A emergência de serviços financeiros baseados em Bitcoin (incluindo tokenização de ativos, moeda programável e empréstimos descentralizados) representa uma verdadeira inovação, pois fortalece as atividades econômicas tradicionais em vez de substituí-las. Esses serviços financeiros baseados em blockchain criam uma nova categoria de valor econômico através de protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) e contratos inteligentes, trazendo um aumento de produtividade que os modelos econômicos tradicionais têm dificuldade em capturar, assim como os dados do PIB de 1995 falharam em antecipar o impacto transformador da internet.
canais de restrição da política monetária
A análise transnacional revelou um importante benefício macroeconômico que os economistas costumam ignorar: o efeito constritor do Bitcoin sobre a política monetária. Os países com uma alta taxa de adoção do Bitcoin tendem a experimentar uma política monetária mais estável, uma vez que os governos enfrentam a pressão competitiva de sistemas monetários alternativos.
Esta restrição atua através de vários canais. Primeiro, os cidadãos que possuem outros meios de armazenamento de valor têm uma tolerância reduzida à política de inflação. Em segundo lugar, o fluxo de capital para o Bitcoin fornece um feedback imediato sobre a credibilidade da política. Por último, a existência de ativos alternativos limita a capacidade do governo de obter receitas de imposto sobre a emissão de moeda.
Vários estudos de instituições mostram que os anúncios de política monetária têm um impacto mensurável no preço do Bitcoin, o que indica que o mercado de criptomoedas é capaz de avaliar o risco político em tempo real. Este mecanismo de feedback pode prevenir os ciclos de prosperidade e recessão que são exclusivos de um sistema monetário puramente fiduciário. O Bitcoin não enfraquece a autoridade monetária, mas sim, ao tornar os custos de decisões políticas inadequadas evidentes e imediatos, fortalece, em vez de enfraquecer, a estabilidade macroeconômica.
Conclusão macroeconômica: complementaridade e não competição
Evidências empíricas abrangentes mostram que o Bitcoin é uma infraestrutura benéfica economicamente, e não um fator de perturbação especulativa. Seu impacto no consumo é positivo, a alocação de investimentos tende a se tornar mais madura, o efeito de inovação é significativo e a disciplina da política monetária também foi reforçada. Pesquisas que tentam identificar efeitos de deslocamento sempre descobriram que a adoção do Bitcoin é um complemento para o investimento produtivo, e não uma competição.
A pesquisa da SSRN modelou o Bitcoin na economia de produção indefinida, descobrindo que, embora a bolha das criptomoedas possa reduzir a eficiência do investimento, ela também pode fornecer liquidez ao mercado, promovendo assim investimentos reais. O ponto chave é que o impacto econômico do Bitcoin atua por meio de vários canais, que o modelo tradicional do efeito de deslocamento não conseguiu abranger. O Bitcoin não simplesmente substitui o capital utilizado para produção, mas cria novas formas de eficiência econômica, reduzindo os custos de transação, aumentando a estabilidade monetária e promovendo a inovação nos serviços financeiros.
As flutuações cíclicas do mercado de Bitcoin podem temporariamente aumentar a liquidez, enquanto reduzem moderadamente a eficiência do investimento — essas duas forças podem coexistir em uma economia dinâmica.
A visão de considerar o Bitcoin como uma competição com investimentos produtivos tradicionais desvia fundamentalmente do ponto principal. O Bitcoin não retira recursos de usos produtivos, mas atua como uma infraestrutura monetária complementar, aumentando a eficiência das atividades econômicas existentes. Quando as pessoas compram Bitcoin, geralmente estão vendendo dólares, obrigações ou outros ativos em papel, e não cancelando a construção de fábricas ou projetos de P&D.
Evidências do ponto de vista da economia macro mostram que os indicadores que os céticos do Bitcoin estão focando estão errados. Os formuladores de políticas não devem medir a contribuição direta do Bitcoin para o Produto Interno Bruto (PIB) (o que ignora o papel de sua infraestrutura), mas devem avaliar seu impacto sistêmico na eficiência econômica, na inovação e na estabilidade monetária.
Medidas de política apropriadas devem incluir a provisão de uma regulamentação clara, permitindo que os efeitos benéficos do Bitcoin floresçam, ao mesmo tempo que se controla a especulação excessiva. Isso significa que deve ser estabelecido um quadro claro de tributação, proteção do consumidor e adoção institucional, em vez de tentar limitar esta inovação que parece ser benéfica para a economia.
Os países que tentam proibir ou restringir severamente a adoção do Bitcoin fornecem amostras naturais para o custo dessas políticas. As evidências mostram que essas restrições prejudicam principalmente a inovação e a inclusão financeira internas, enquanto os benefícios macroeconômicos são insignificantes.
Conclusão: A combinação da racionalidade individual com os benefícios do sistema
As evidências sobre as decisões inteligentes dos indivíduos na microeconomia se reúnem em resultados sistemáticos favoráveis à macroeconomia. Quando milhões de indivíduos escolhem alocar parte de seus ativos em Bitcoin, eles estão respondendo a sinais econômicos reais sobre incerteza monetária, ineficiência do sistema financeiro e inovação tecnológica.
Essas decisões individuais trazem benefícios coletivos através da melhoria da disciplina monetária, do aprimoramento da infraestrutura financeira e do fortalecimento da resiliência econômica. A adoção do Bitcoin não é um frenesi especulativo que desvia recursos de usos produtivos, mas sim uma resposta racional a problemas estruturais do sistema monetário existente.
Assim, a análise macroeconómica apoia uma visão cautelosamente otimista sobre o impacto económico do Bitcoin. Embora haja preocupações legítimas sobre o consumo de energia e o comportamento especulativo, há uma vasta evidência que mostra que o Bitcoin fortalece, e não enfraquece, a produção económica e a produtividade. Para uma classe de ativos que supostamente "não produz nada", o Bitcoin demonstrou uma produtividade extraordinária na melhoria da eficiência da moeda em si — o que pode ser considerado a infraestrutura mais básica de toda a atividade económica.
Os economistas da Escola Austríaca podem ter estado certos o tempo todo: uma moeda sólida não é apenas um ideal abstrato — é uma infraestrutura produtiva. Em uma era de experimentos monetários em abundância e de balanços de bancos centrais em constante expansão, o Bitcoin está cada vez menos parecido com uma bolha especulativa e mais com a inevitável evolução da tecnologia mais antiga da humanidade — a própria moeda.